sábado, 25 de junho de 2011

ARROIO PELOTAS - II

A região que abriga a bacia hidrográfica do Arroio Pelotas era, até fins do século XVII, habitada pelos indígenas das tribos Tapes e Minuano, que viviam da caça e da pesca, chegando a estabelecer, num estágio mais evoluído, pequena produção agrícola (com predominância do milho e da batata doce). Com economia rudimentar, por volta da segunda metade do século XVIII essa região ainda era uma vasta solidão coberta de matas que desciam cerros e colinas por encostas abaixo, ameaçando invadir planícies por onde cordões cerrados acompanhavam o curso do arroio, disseminando-se restingas e capões pelos seus varzedos.
A exploração da indústria saladeril, principalmente depois da segunda década do século XIX, promoveu um crescimento demográfico por estancieiros e antigos posseiros, pequenos agricultores, e escravos vindos para o trabalho rude nas charqueadas.
O acesso ao mar era fácil, facilitando o escoamento do charque. Mas havia um grande problema: as enchentes. A maior parte das charqueadas estava localizada nas várzeas, em terras mais para o interior da vila, com o objetivo de evitar as dunas de areia que, sob a ação dos fortes ventos litorâneos, poderiam arruinar a produção.
Às margens do arroio Pelotas, o Cel.Pedro Osório adquiriu e arrendou suas primeiras charqueadas, depois estendidas por todo o RS (de Caxias a Tupanciretã, de Quaraí a Bagé), tornando-se o maior charqueador gaúcho no final da “era do charque”: em 1886 comprou do sr.Leonídio Antero da Silveira o abandonado estabelecimento situado à margem direita do Arroio Pelotas denominado Charqueada do Cascalho, em dois anos conseguindo fazê-lo funcionar e conquistando um alto conceito no comércio exportador do charque. Em 1896, Pedro Osorio comprou a Charqueada Solar da Figueira, situada na mesma margem do Arroio Pelotas, nela havendo um casarão construído por Bernardino R. Barcellos para residência da família, ainda hoje existente, conhecido como “Colônia de Férias D. Branca Dias Mazza”. O cel.Pedro Osório tambem adquiriu a Charqueada da Costa, fundada por Domingos José de Almeida.
Geralmente as charqueadas do cel.Pedro Osório, à margem do arroio Pelotas, iniciavam a safra no município. Na relação da matança safra 1905, e nas anteriores, Pedro Osório & Cia. foi a empresa de maior destaque com 32.850 rezes (adaptado do livro "O Tropeiro que virou Rei, de Vera R.Abuchaim").