sexta-feira, 25 de março de 2011

ARROIO PELOTAS

Foto: o arroio Pelotas contornando a Faz.do Cascalho (1958)




A água, produto cada vez mais raro no mundo, abunda no Arroio Pelotas, o maior manancial de água doce da região. Sua bacia hidrográfica abrange 909 km2 (90.900 ha), com 85km de extensão. Nasce a partir dos arroios Caneleira e Quilombo, com contribuição dos arroios Andrade e Cadeia.



Tombado por projeto legislativo (lei 11.895/2003) do saudoso Bernardo de Souza, ex-deputado estadual do RS e ex-prefeito de Pelotas, foi considerado Patrimônio Cultural do Estado, fazendo parte obrigatória de nossa história por sua importância ecológica, seu efeito social, sua potência turística, e muitos outros atributos.



Em suas margens estabeleceram-se diversas e históricas charqueadas, que muito renderam para Pelotas no "ciclo do charque", tais como a São João (1810) do português Antônio Gonçalves Chaves, a Santa Rita (1826) de Inácio Rodrigues Barcelos, as charqueadas do barão de Jarau e do barão do Butuí, a Costa do Abolengo de Boaventura Rodrigues Barcelos, a Boa Vista do barão do Arroio Grande, Bernardino Rodrigues Barcelos e Antônio Oliveira de Castro, a do Cascalho de Leonídio Antero da Silveira, e muitas outras.



O nome "Pelotas" deriva de uma embarcação de couro crú, em forma de cesto, com armação de galhos de árvores, utilizada para fazer a travessia dos produtos que não podiam ter contato com a água no ponto mais estreito do arroio (charqueada dos Fontoura). Às vezes, levava tambem passageiro. De origem marroquina, foi trazida pelos espanhóis e difundida entre os indígenas, sendo rebocada por um nadador com uma corda presa nos dentes, ou por um cavaleiro. Essa embarcação era chamada de "Pelota".



A partir das margens do Arroio Pelotas começou a integração do sul com o resto do Brasil, abastecimento de charque para os escravos dos canaviais nordestinos (as embarcações retornavam de lá carregadas de açúcar), e com a Europa, exportação de couro e charque (voltando carregados de mercadorias e novidades culturais especialmente de Paris). No intercâmbio náutico, a riqueza gerada pelas charqueadas permitiram a apresentação de peças teatrais européias no Teatro Sete de Abril, a vinda de móveis, de arte, de moda, e de costumes da capital francesa, rendendo à antiga Freguesia de São Francisco de Paula, depois vila com o mesmo nome e, finalmente, cidade de Pelotas (1835), o título de "Paris da América do Sul" no final do século XIX. (este artigo foi baseado no ótimo trabalho de mestrado de Rafael Cruz da Silva, FURG) OBS: críticas ou contribuições para cgrheingantz@gmail.com

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