terça-feira, 18 de outubro de 2011

ARROIO PELOTAS III

foto: antigo levante do Cel.Pedro Osório no Arroio Pelotas

Com a crise do charque, ocorrida durante o período da República, os charqueadores de Pelotas buscaram alternativas econômicas mais viáveis como a produção e industrialização do arroz, de frutas de clima temperado (sobretudo o pêssego), alem da criação de gado.
As primeiras lavouras comerciais de arroz no país foram irrigadas pelo arroio Pelotas, por volta de 1907, quando o Cel.Pedro Osório investiu nesse produto, do qual foi “rei”, na Fazenda do Cascalho, sob os cuidados do sr.Francisco Malaquias de Borba,plantando muito em suas margens, e posteriormente nas fazendas Cotovêlo, Galatéia, D.Cecília, e Estância da Graça, todas com água do arroio Pelotas. Ainda no Cascalho, foi construído pelo cel.Pedro Osório o provável “primeiro engenho de arroz do Brasil”, se não foi em Caxoeira do Sul, com a produção escoada por chatas via arroio Pelotas, importante via fluvial para transporte da produção local e fonte de água para milhares de hectares de arroz.
Pedro Osório, proprietário de inúmeras charqueadas e estâncias às margens do arroio Pelotas, não entrou para a cultura e beneficiamento do arroz por acaso ou aventura: julgou ser o momento de aproveitar as ótimas terras gaúchas para esse cereal que teve, no Brasil, o primeiro país da América do Sul a cultivá-lo (início do século XIX) embora sendo um dos últimos a produzi-lo em abundância. Não se sabe exatamente onde termina o ciclo do charque e onde começa o ciclo do arroz.
Disse Ribeiro Tacques: “até o princípio deste século o Brasil importava arroz para o seu consumo, na importância de cêrca de vinte mil contos anualmente” (O arroz no R.G.S., pág.18) e, quando o governo compreendeu a necessidade da adoção de medidas protecionistas, o gênio empreendedor de Pedro Osorio “voltou suas vistas perscrutadoras para a agricultura tornando-se, desde 1907, talvez o mais afoito e pertinaz pioneiro da cultura extensiva do arroz em nosso Estado” (Almanaque de Pelotas, 1925).
Embora precedido por outros nesta atividade (desde o século XVIII pequenas culturas sem expressão econômica existiram a largos intervalos em especial nos estados do norte, e algumas tentativas no início do século XX hajam influído como precursoras de sua iniciativa) cabe a Pedro Osório destacado lugar entre os pioneiros da lavoura arrozeira gaúcha. Em 1904, a montante do primeiro arrozal de Pedro Osório no Cascalho, fôra lançada a primeira lavoura arrozeira do sul do Estado por “Irmão Lang & Saenger”.
“O seu sadio idealismo, cívicas, filantrópicas e industriais vibrações, determinaram para Pelotas maravilhosa renascença. Para essas paragens convergiu gente da circunvizinhança. Povoou o deserto e, às margens do Pelotas e Piratini, se levantaram as choupanas onde, até hoje, reinam ordem, paz e felicidade, outorgadas aos agricultores pelo trabalho diuturno e honesto” (Visão Panorâmica de Pelotas).

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