sexta-feira, 20 de abril de 2012

O TURÍSTICO ARROIO PELOTAS - II

José Antônio Mazza Leite, o maior responsável pela fundação do
Museu do Charque, lançando seu livro XARQUEADAS, março, 2012
Em 1752, casais açorianos trazidos pelos portugueses receberam terras na região da Lagoa dos Patos, rios rios Guaíba e Jacuí, inicialmente dedicando-se ao plantio de trigo. Como Portugal proibia as culturas e produtos que concorressem com os similares de Portugal, e também pela grande incidência de ferrugem nas lavouras, em 1820 esse cultivo foi abandonado. Motivados pelo crescimento da indústria do charque, voltaram-se para a pecuária que, além de altamente lucrativa, não sofria restrições por parte de Portugal.
A bonita e bem cuidada sede da Charqueada Boa Vista,
aberta ao turismo com passeios de barco e recepções,
com excelente estrutua interna e externa

O estabelecimento das charqueadas em Pelotas por volta de 1780, mais tarde em Santo Amaro e Triunfo, gerou grande riqueza na região, os escravos tornando-se a sua principal mão-de-obra. A carne passou a ter valor econômico, o boi transformando-se num produto industrializado que chegava aos mercados consumidores. O Rio Grande do Sul vinculou-se a São Paulo, enviando trigo e charque, alimento básico dos escravos que trabalhavam na cultura do café.



O belo trapiche da Charqueada Boa Vista, onde antes
ancoravam os barcos que se abasteciam de charque
Produzindo e comercializando alimentos e artigos de primeira necessidade, os imigrantes proporcionaram melhor poder aquisitivo à população de baixa renda, dando ao estado um poder de compra bem maior do que noutras regiões do país. A convivência dos grandes latifundiários com os imigrantes europeus deu origem a uma estrutura social e produtiva, que tinha em comum a orientação para o mercado interno brasileiro, mas diferente em suas formas de trabalho e de acesso à propriedade. Os primeiros tinham a economia baseada na pecuária extensiva e voltada para a exportação, fabricando charque e outros produtos de origem animal, observando rigorosa hierarquia entre seus integrantes (latifundiários, peões e escravos). Voltada para o abastecimento interno e socialmente mais igualitária, a segunda era constituída por pequenos proprietários. Baseava-se na agropecuária familiar, com grande diversificação de produtos, alguns beneficiados e processados industrialmente como banha, vinhos, farinhas (milho e trigo), fumo e erva-mate. Com acelerado crescimento, aplicavam seu capital em firmas comerciais, favorecendo um aumento contínuo das exportações gaúchas. Abasteciam o mercado local e dela se originou a indústria regional.

Congresso dos charqueadores, século passado


A produção das estâncias, a diversificação produtiva da colônia e o processo de industrialização, estimulados pelo Partido Republicano Riograndense, tornaram o Rio Grande do Sul auto-suficiente, possibilitando-lhe um grande avanço econômico.




Esta postagem baseia-se em texto do livro O TROPEIRO QUE VIROU REI, de Vera Rheingantz Abuchaim.




Acesse os seguintes blogs:

Nenhum comentário:

Postar um comentário